sexta-feira, 24 de julho de 2009

Rascunho

No alto da torre tremendo
com a tempestade
Apanhando raios com os olhos
cheios de loucura
Caminhando sozinho
com minhas botas antigas
Sentindo a euforia
e a adrenalina corroer
Sempre veloz e paciente
com a madrugada
Coisas sem fim
dentro da cabeça e do coração
Vontade de falar e nada pra dizer
ninguém para ouvir
Molhando o corpo na chuva
que lava mais do que se pode ver
Meu corpo não é a carne que treme
é a alma que sofre com o frio por dentro

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Déspotas Esclarecidos

Vamos pensar um pouco! A mídia tem uma importante função dentro da sociedade moderna. Através de seus modos de produção torna o mundo e seus acontecimentos visíveis, o que possibilita a formação e a construção de um acervo sobre o que nos circunda, ampliando nossos horizontes e expandindo nosso conhecimento sobre o global. Então, quando essa contextualização se apresenta de forma superficial caminha apenas para a representação de uma visão consensual do mundo, um quadro de referências dominante e central que nega a existência de diferentes contextos sociais. Toda essa maré de informações tem realmente transformado a forma como pensamos? Esse acervo cultural cresce em que sentido? Ainda existe aquele indivíduo que não sabe o que é ou do que gosta. Um tipo que, na verdade, representa um grande número de pessoas. Parece que, infelizmente, a maioria não sabe o que quer. Não vê nada além daquilo que lhe oferecem pela tv, pelo rádio, ou pela internet. Não escolhe nada que possa alterar sua opacidade. Gente que está mergulhada no mar do comodismo. Canta o que todo mundo canta. Assiste o que todo mundo vê. E ainda por cima se diz eclético! Putz!!!

e.clé.ti.co
adj. Filos. 1. Relativo ao ecletismo. 2. Que seleciona; que escolhe de várias fontes. S. m. Indivíduo eclético.

Parece que todo mundo é igual. Até na forma de vestir. Globalização, alienação e falta de informação! Contraditório, não? Nas ruas vemos uma multidão quase homogênea! A pós-modernidade é defendida por seus autores, como David Harvey em A Condição Pós-Moderna, como um momento onde as transformações não ocorrem somente na forma de vestir, falar ou nas artes, mas em elementos objetivos como a economia e a organização do trabalhado, onde estes são entendidos como fortes indícios de que o mundo é visto de uma nova forma. Então onde está essa mudança? Essa nova forma? Se pensarmos um pouco, ainda nos esbarramos com os mesmo problemas já combatidos por outras gerações. Questões como a homofobia, o racismo, a sexualidade, a política... Diminuiu? Ou apenas aparece de forma camuflada? Penso que não aprendemos com a história! Ou deixamos de ouvir o que os antigos têm a dizer. Paramos de pensar? Estamos andando para trás? Sinceramente não sei... Onde estão os filósofos? Os artistas? Por que eles estão longe da grande mídia? Isso me sugere muita sujeira, isso não me cheira nada bem! A nossa cultura tem se resumido a um repertório bem estreito (e pobre). Dá pra contar nos dedos! Basta ouvir as paradas de sucesso. Um termômetro de como tudo isso (des)anda. O Ceará então é isso? Carnaval sem fim? Forró e vaquejada? Não tenho nada contra, só não me peça pra gostar! Mas a questão aqui não é gosto e sim falta de espaço. Falta espaço (e de qualidade) para outras coisas que acontecem. Assim seria possível construir um acervo cultural mais amplo. Não estou falando de melhor ou pior, em brega ou chique. Falo de mostrar todas as partes para que a população possa escolher. Toquem com a mesma frequência que tocam as músicas que estão na boca do povo. Invistam com toda essa publicidade massiva e cara. Façamos a seguinte experiência: que tal 6 meses de tv a cabo para todos? Veremos se aquilo que dizem ser do gosto do povo continua sob esse paradigma. O problema é o dinheiro e o interesse de grupos privados? Interesse em deixar as pessoas sem informação? Sem educação? Sem a capacidade de pensar? Mais uma vez: globalização, alienação e falta de informação! Contraditório, não? Onde estão os caras que pregavam no deserto? Donde estão los herderos de la falacia liberal? Onde está o espaço não privatizado? Quem são nossos heróis? Nossos escritores? Você os conhece? Um país se faz com homens e livros? Onde estão os déspotas esclarecidos? Onde estamos nós..........................???

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Na Janela

Eu já tinha desistido! Tava vivendo ali no meu lugar sem acreditar. Depois de tudo e do esforço para ignorar certos sentimentos. Veio você me dizer que não é bem assim. Que não sou nada complicado. Lembrei de como eu era antes de tudo que já houve. Que já tivera uma alma imaculada, distante de mentiras e de decepções. Do orgulho e das vaidades. Você não traz nada disso em teu coração. É livre e capaz de sorrir como uma criança. Pega a minha mão e me ensina sem querer ensinar. Não sei ao certo como pude me perder nesses anos. Acreditei apenas no meu coração e esqueci de olhar dentro do outro. Eu reconheço o passado por tudo que ele me fez. Sou grato por ele. Mas agora quero o presente que chegou. Eu lavei as escadas da minha alma. Mergulhei em busca de ar. Esperei o tempo passar. Esperei o inverno acabar. Tava na janela... e já tinha desistido... foi quando vi você chegar!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Crise da Representatividade

A palavra não diz tudo
A fotografia não representa
O olhar não vê o mundo
É a antena que alimenta
O silêncio ainda arrisca declarar
Crescente rumor virtual de uma metáfora
Temporada de um simulacro artificial de sentidos
Engrenagens, patrocínio, fibra ótica, óleo diesel
Código de barra, emotion, profile, disco rígido
Sobra pouco para tudo que se sente vivo
Só a arte parece ser capaz de apresentar
Mas o que é arte no meio de tudo isso?
Eu espero que o futuro venha me contar...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fantasmas

Eu escolhi não ter ninguém para abraçar
Como um fantasma que anda pela casa
Consegui passar pela noite sem sonhar
Descobri que o eterno também acaba
Tudo tem seu tempo certo para acontecer
Tudo é um momento sem compromisso
Acaba e começa em um novo segundo
Eu descubro que sou o meu melhor amigo
Fantasmas que não vão embora
A chuva revela que ninguém vai chegar
Apago as luzes e me deito sem sono
Lembro de tudo que não quero lembrar