sábado, 30 de maio de 2009

Segredo

O fim de tarde e o abraço de quem está sozinho olhando para o horizonte. Vejo tanta coisa e imagino como poderia esquecer aquele segredo antigo. Quem será você? Eu? Eu sou só eu... só. Só eu sozinho! A noite chega e tudo se esbarra na linha onde o mar termina. O vento vem. Os olhos se enchem. O coração se afoga. A lembrança de algo que termina e começa. Um círculo sem curvas. Já disse! A música que um dia parou de tocar. A carta que nunca foi lida. Eu não vou contar aqui o que realmente acontece dentro de mim. Sobre isso eu nunca falei. Perdão aos amigos mais fiéis. Eu não sei falar. Tem certas coisas que eu não sei dizer... certas coisas a gente esconde até de si. Entre todas as coisas do dia... às vezes paro e me perco em um segundo. Volto bem rápido pra perto de mim. Sentimento que não sei se você sentiu quando conversou comigo... se tornou um segredo antigo. A flecha de um arqueiro zen onde você pousou a mão. Tenho vontade de ir embora daqui. Parece que não moro mais em mim. Tenho vontade de ficar! Eu busco o abraço dos meus irmãos. A presença dos meus pais. As risadas de um amigo. O delírio de uma música. As palavras de uma amiga que beijei. O pecado que eu posso confessar. A paz de um livro. O silêncio que preciso. Eu gostaria de saber o que é esse segredo. Ele me despertava no meio da viajem. Ele me joga sobre os rochedos. Ele me conduz e me faz pensar mais em mim. Faz esquecer quem mente e quem não sabe assumir o que é. Eu comecei e não sei como vou terminar esse texto. Talvez eu não consiga tocar diretamente nesse assunto. Só postei uma parte de tantas coisas que apaguei enquanto escrevia. Acho que escrevi o que não devia. Apaguei por ser segredo...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Interrompido por Fogos de Artifício

Esperamos tanto da vida
Cobramos algo sobre o futuro
Talvez não seja pouco... talvez seja tudo

O dia transcorre e não percebemos
Podemos ser tudo que somos e queremos
Mas escolhemos ouvir a voz de um pensamento

De que não é como deveria ser
De que poderia ser diferente e melhor
A felicidade passa a ser o que ainda vai acontecer
Passa a ser o destino, a chegada... e não o caminho
Escolhemos olhar ao redor e ignoramos o que temos por dentro
Amamos tudo... o futuro... o passado... menos o presente

Sim... a vida é também desejar algo maior
No fazer diário de todas as coisas que nos consomem
Nos braços de um novo momento que faz sorrir e chorar
Lembre de sua infância... deixe-se ser interrompido por fogos de artifício
Pela música que toca, pelo beijo que chegou... pelo novo despertar
O importante é que estamos vivos e não paramos de sonhar

Onde está toda a felicidade que tanto buscamos?
Perdemos a capacidade de admirar as coisas simples?
Deixamos é a própria vida se tornar uma imagem a se criar

Isso então é o fim de tudo que queremos em nosso coração
Deixe eu te explicar, te abraçar, fazer você girar em meus braços
Eu sou a vida te falando... olhando em teus olhos... estendendo a mão

Caminhando sozinho pela praia no último entardecer
Encontrei em mim o sorriso que não planejei
Que bom então que eu me enganei

domingo, 17 de maio de 2009

O Presente Que Sei

Sobre os livros, sobre os papéis, sobre os projetos, sobre a tela, sobre as notícias. Pela janela do avião, pela vivência, pelo que me espera. Na bagagem, no bloco de notas, na mente, na chuva, no trabalho, na poltrona do cinema, na ópera. No meio da noite, no meio da festa, ao meio dia, no banco da praça, no meio da corrida. Na música que toca pela sala, nas palavras de uma amiga, no beijo da madrugada, no abrigo de um novo lar, na confiança de quem sabe o que tem pra falar. Enquanto eu cantava e entendia o coração. Enquanto eu sorria e conversava. Enquanto eu estudava, falava, ouvia... escrevia estas palavras. Eu quero o futuro que me espera. Eu reconheço o passado por tudo que ele me fez. Eu sou o presente que sei. Sou tão transparente e enigmático quanto o espelho que me mostra. Coloco muito de mim em todas as coisas que me permito vivenciar. Nas coisas que toco. Só me interessa o que é sincero. Sinto um ciclo fechar e se completar. Paira agora um novo plano: o desejo de seguir e não voltar!

sábado, 16 de maio de 2009

Rosa dos Ventos

Mudam os olhares dos meus olhos
Movem-se as nuvens do pensamento
Caem as correntes do eterno
Desperta no horizonte estrela poente

Atravessa a janela do décimo andar
Tudo que lancei pela vidraça
Agora há tanto de mim em um segundo
Já não existe o mesmo que sobrou nada

Tudo se apagou no nascer de um novo sol
Eu não me escondo... eu paro, olho, assumo, fico
Não cabe a verdade dentro do arcabouço que havia
Eu me refiz por não acreditar no que foi dito

Inexpressível felicidade que brota aqui
Razão de um mar que não para de sussurrar
Caminho que não foi traçado em minhas mãos
Entendo agora como tudo isso teve que terminar

O vento soprou e levou o que havia aqui
Eu quero mais de mim por bem sorrir e acreditar
Abraço verdadeiro, beijo sem fim, sorriso sem medo
Já não há navio... agora posso simplesmente voar

terça-feira, 12 de maio de 2009

Reflexo

Antes de partir deixo esta mensagem. As malas estão prontas. A alma inquieta. O coração destruído. Eu me refaço de todas as formas para reconstruir os meus pedaços. A vida apenas me mostra o círculo sem curvas. Quarenta dias no deserto que se expande dentro de um ser que não sabe onde vai buscar a água para beber. Agora é o silêncio e a madrugada que me acolhe. O perfume de alguém que se foi. A vontade de perpetuar um momento. A sensação de que tudo caminhou pelos caminhos certos... de que fui eu mesmo, o tempo todo, correto... sem medo de expor o que penso e sinto. Eu estou partindo para sempre. Pois não serei este que escreve quando voltar. Uma parte de mim tenta apenas respirar no meio de um oceano. É verdade. Eu assumo. Como sempre soube... não sei o que tudo isso quer dizer. Até onde eu posso estender as mãos para abraçar? Até onde posso falar sem ser confundido com qualquer outra coisa que não sou eu? E como eu sou mal interpretado! Acho que não sou daqui. Pago um preço pela vontade de dizer e escrever sobre o que eu sinto. E o que eu sinto? Sinto que não moro mais em mim. Que apenas segui o teu ritmo. Que apenas fui capaz de absorver cada miligrama de tudo que se mostrou perante meus olhos. Eu sou verdade por não saber ser outra coisa. Não sei ser pela metade. Queria uma noite pra uma vida inteira. Aquela noite que agora faz parte do passado tão presente em meus pensamentos futuros. Quero a paz e a certeza de que nunca mais vou me machucar. Como se eu fosse capaz de fazer isso! Eu corro um risco maior que todos por colocar o coração em uma bandeja. Eu sei que não se pode pedir ao sol, mais sol. Que não posso pedir a chuva, mais chuva. E não posso pedir outra coisa de mim. Mas posso pedir mais de mim. Por acreditar na alegria que as minhas lágrimas irão trazer... um dia. Esse é o meu reflexo. Eu só sei ser assim. Não me compare a nada do que você já viveu, ouviu... sentiu. Não me julgue tão rápido! Vou com a força que o vento sopra as velas deste navio. A âncora agora foi erguida. O mar espera e guarda seus mistérios, suas surpresas. A tempestade... é o meu elemento.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Espelho

É um precipício
O inicio
O começo
Uma ponte
O alivio

Eu leio
Canto
Dou risada
A solidão
Ela me mata

A madrugada
A música
O perfume
Um salto no escuro
O absurdo

Ontem a noite
Vidas cruzadas
Tua boca e a minha
Eternidade em um segundo
Tua mão entrelaçada com a vida

Presente momento
Últimos dias
Transborda o coração
Malas no canto
Estranha sensação

Promessa do acaso
Infinito fugaz
Destino esquecido
Novas rotas traçadas
O teu olhar é um abrigo

Eu tô estranho
Diz o amigo
Passei o sinal vermelho
Completo e desarmado
Dançando no campo minado

Álbum de fotos
Segredos e saudades
Vontade de correr
Verdade é verdade
Não existe metade

Eu tô feliz... diz o espelho
Preciso acreditar em você
Noite a fora em qualquer lugar
A vida é muito mais
Nos teus olhos eu consigo me encontrar

domingo, 10 de maio de 2009

Mãe

Algo maior que a vida
Senti algo novo nesse dia
Eu me perdi entre as tuas mãos
Senhora da minha vida... mãe

Não sou eu um pedaço seu?
Em seu colo você me beijou
No meio da noite você acordou
Em meus ouvidos você cantou

A vida passa pelo colo de uma mãe
Pelas mãos de quem ama sem impor condições

Mas no frio da noite desse mundo
Correm crianças e corações cheios de saudade
Pelo desamparo de algo que não pode ser preenchido
A falta de uma palavra sensata que nos dá abrigo

A vida deveria sempre passar pelo colo de uma mãe
Pelas mãos de quem ama sem impor quaisquer condições

sábado, 9 de maio de 2009

Mar a Dentro

Respiro o doce perfume do mar
Mergulhado em meu elemento eu começo a respirar
A inspiração vem do teu sorriso
A verdade é que eu não sei esconder esse segredo antigo

Somos o acaso do destino
Agora eu me revelo e você se interroga comigo
O vento sussurrou o teu nome em meus ouvidos
Avisto uma praia onde posso ancorar esse navio

Já não posso escolher
Deixo a tua correnteza me levar
Eu perdi a vontade de correr
Tudo que eu quero é poder ficar

Eu desejei acreditar no possível
Mas a realidade é bem melhor que tudo isso
Mar de estrelas e de sonhos tão bonitos
Paralelas que se tocam por acaso no infinito

O romance ideal que não imaginei
A força de uma paixão que não quero domar
Eu sempre sonhei ser algo assim
Se você quiser eu vou me jogar

Já não quero escolher
Deixo a tua mão me conduzir
Eu perdi a vontade de correr
Tudo que eu quero é ser feliz

domingo, 3 de maio de 2009

Âncora

Eu fui condenado
Sem merecimento
Por um sentimento
Por uma paixão
Violenta emoção
Pois amar foi meu delito
Mas foi um sonho tão bonito
Hoje estou no fim


Uma vida para ser vivida. Pelos acertos e erros. Parei diante do espelho e tentei me enxergar. Algo emergiu dos meus mares profundos. A maré alta começa a baixar. A calmaria e a agonia de quem quer mergulhar e beber o mundo inteiro. Uma centelha divina que foi selada dentro de mim para viver uma única vida. Não haverá outro. Serei sempre diferente a cada segundo, a cada amanhecer. Sou muito estranho mesmo. Tenho uma loucura e uma paixão. Tenho uma sinceridade e uma razão. Eu absorvo cada miligrama do que se pode sentir.

Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você


Joguei a âncora estando em mar aberto. Subi até as estrelas e comecei a rezar. Fechei os olhos. Havia um milhão de luzes olhando para mim. Perguntei ao senhor do infinito aonde essa jornada vai me levar. Somos todos incapazes de saber. Quero apenas me espelhar em algo verdadeiro. Não vou me tornar uma mentira para viver da hipocrisia. Não vou virar um santo nome... nem quero. Mas tudo tem um limite. Aparo essas arestas para entender até onde posso ir. Aonde o oceano se torna um abismo sem fim. Agora quero mapas e cartas, bússolas e estrelas para me guiar. Até o dia em que eu avistar o meu porto seguro. Uma âncora para pensar antes de continuar.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma Noite Para Uma Vida Inteira

Eu não consigo olhar no espelho. Eu me tornei a sombra do silêncio. Olhei o passado para lembrar quem sou. Para fazer um caminho diferente disso. Eu choro construindo essas palavras por saber que nunca poderei mudar o que aconteceu. Eu sou o imundo, o sujo, o fugaz, igual a todo mundo, diferente daquilo que esperava de mim. Sou a lama, a coisa suja e podre que corre pela sarjeta. Não tenho nome, não tenho rosto, não tenho corpo, não tenho coração, não tenho nada... não fui eu por algum momento. Sou aquilo que não se faz. Aquilo que não se pensa. Eu me deixei corromper pelo momento e pelo desejo. Eu, que tanto prezo pelo teu sorriso, te fiz chorar. Jamais serei o mesmo. Eu nunca poderia me perdoar por isso. Porque foste na vida a última esperança do que se poderia viver. Desisto de amar e de sorrir. Não estou procurando conselhos. Não estou procurando palavras de conforto. Quero me esquecer em algum lugar. Quero ainda, muito, pensar. Preciso me afastar de mim. O que ainda restava se partiu... o que sobrou o fogo levou. Agora dói muito aqui dentro. E não tenho direito a nada. Nem perdão, nem pensamento, nem confissão... nem penitência. E mereço e aceito. Não há purgatório para mim. Apenas o inferno onde me deito e me viro e me perco. Estou ao avesso. Traição, omissão, luxuria, embriaguez, insensatez... Esse é um corpo vazio e incompleto. Um coração que rachou e trincou. Por minha culpa, minha tão enorme culpa. Quem sou eu afinal? O ministério das almas perdidas me aguarda. Talvez o tempo seja capaz de sarar essa rua que se abriu em mim. O que se quebrou aqui... não pode ser refeito. Está perdido para sempre. Estou perdido em meu casulo. Preciso deixar essa lenta transformação acontecer. Tudo agora está no conforto do esquecimento que o sono permite... quando ele vem... e na amarga lembrança que permanece constante. Por que foste na vida o que tinha de ser. E tu herdarás o cinismo das minhas atitudes. A última lembrança será de uma noite sem fim que se perpetua nos meus olhos... em minha alma. Uma noite para uma vida inteira mudar.