sábado, 7 de novembro de 2009

Sem Convite

“Eu começo a pensar... mas na hora não sei o que dizer. Eu penso que vou... mas na hora paro de me mover...” Se morrer, colabora! Se sumir, agradeço! É muita falta mesmo de interesse por quem não é nada além de uma pose enquadrada. Eu não convido nem convivo com qualquer um. Muito frasco e pouco perfume. Muita embalagem e pouco conteúdo. Muita festa e pouca cultura. Cabeça, cabeça... cabeça dinossauro! Nariz de cera e pele de louça. Alma imunda e materialista. Vejo tão pouca gente com algo para dizer, tão poucos sabem assumir algo particular. É uma opacidade, uma homogeneidade assumida que quando dobra a esquina dá pra ver o repertório. No vestir, no falar, no ler, no ouvir, no pensar... Quero preservar minha identidade, conhecer outras coisas... muita coisa me interessa, mas o mundo se tornou um lugar comum... não convido qualquer um pra entrar em minha casa, da mesma forma, não convido qualquer filme, música, livro... tempo perdido com tudo que não é nada além de uma grande pose enquadrada, momentânea e desbotada. É tudo prato feito e burrice... o lado bom é encontrar alguém capaz de ver outras formas e caminhos no meio de tantas coisas iguais... espécie rara em extinção...

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Centítulo

Raio de sol
Rastro de luz
Linha de som
Sangue e pus
Limite do silêncio
Bordas de uma sombra
Dor, sorriso, lágrima e suspiro
...perdi o número da conta
Liberalismo bolchevista
Império de um homem só
Notas de um piano sem teclas
Mondrian dentro de um círculo 
Plano raso da perspectiva marxista
Vermelho rubro sangue vivo
Freud explica... fode e delira
Tara de container sadomasoquista
Satélite de onda reprimida
Canibal vegetariano devora planta carnívora
Começo a tocar a loucura de uma razão
Seria absurdo se não fosse lei
Todos os canais estão fora do ar
sssss......sss.....sssssssssssss........tchau radar...
Grito e eco de um simples olhar
Longe de tudo que vai me abandonar
Ondas de um mar onde posso respirar
Posso sentir meu corpo dobrar
Espelho convexo novo e convertido pelo avesso
Tudo termina para poder continuar
Infinitivo tão pobre e simples
Eu queria não precisar de uma rima para rimar
Eu vou escrever mas queria apagar...
Escrever mais do que gostaria
Backspace... vou deletar... vontade de formatar
Puxar a tomada e secar os rios da última usina
Matar tudo que se converte em tempestade serena
Segue a seguir o que você não pode ler
Um monte de palavras qu.........vai se f...................

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Praias Brancas

(...)
As ondas do mar lamberam os meus pés. A brisa trouxe uma chuva fina e repentina. O frio nos envolveu enquanto o sol tocava a linha do horizonte. O vento soprava os teus cabelos e o teu sorriso iluminava a minha paz. Você pegou as minhas mãos e as beijou...

- Não sei te dizer se estou dormindo ou se estou acordada...
- Se for um sonho é um sonho bom... mas que bom que estamos acordados!

Uma luz branca tingiu a espuma das ondas. O sol então fechou os seus olhos. Eu te abracei para que o frio fosse apenas confortável. Eu percebi a minha alma se desfazer de todas as coisas cinzentas. O coração pulsava e a vida revelava o seu sentido mais simples e puro...

- Que bom que estou aqui com você... que bom perceber que existem outras coisas na vida...

domingo, 18 de outubro de 2009

O Caminho do Sábio

Sábio é o silêncio
Tudo diz sem precisar dizer
Vago ao relento
Nada escuto, nem mesmo um surdo
Deixaria de perceber

Sábio é escutar
Tudo falo sem te responder
O meu silêncio não machuca
Fala mais quando cala
É a palavra que é muda

Sábio é falar
Depois do silêncio
Depois de escutar

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Delírio

Rasgo palavras para não quebrar espelhos
Apago pecados que não quero pagar
Vejo o teu nome em um neon vermelho
Acordo sonhando que vou me jogar
Calo verdades para não declarar mentiras
Revelo o bastante sobre o que não posso contar
Espero você cair em minhas armadilhas
Eu vou te contar quando o silêncio acabar
Meu delírio é não poder dormir
Cortando os olhos com lágrimas antigas
Meu devaneio é acordar sempre no mesmo fim
Pegadas e cicatrizes a muito esquecidas
Coisas que não consigo encontrar dentro de mim
Páginas em branco e palavras nunca ditas
Esse paradigma paradoxavelmentediagnósticavel
Estou delirando como o diabo quer...
Hey you! Is there anybody out there?

domingo, 4 de outubro de 2009

Carne Viva

Coloca as cartas na mesa e desfaz esse clichê
Do que dizem ser o destino eu prefiro não saber
Leia a mão que masturba a minha mente
Sei que você imagina na tua boca o meu sêmen

Eu te toco eu te sinto com a língua eu salivo
Eu olho os dentes quando vejo teu sorriso
Procuro teu ser nas entrelinhas da carne
Vigorosa e lasciva é a pimenta que arde

Sinto a bile me devorar por dentro
O teu decote é um alvo consciente
Você não sabe esconder o que eu penso
Corroendo e alimentando o teu sofrer
Você entende o que queima por dentro
Eu vou passar na porta do inferno e sorrir quando te ver

Eu te adoro e te odeio e te ignoro e te desejo
Te invejo, te entrego e não quero só teu beijo
Sente as minhas mãos, rasga minhas costas
Grita, suspira, sussurra, delira e goza

Eu sou o pecado o perdão e a penitência
Eu sou o segredo, a verdade  e o mistério
A saliva, o suor, o sangue e a carne viva
O que sacia, alivia, machuca e queima
Sou o sagrado e o profano que habita em ti
Sou o próprio espelho em si

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Atos de Mudança Em Um Círculo de Três Pontas

Ato I – Suplício e Solidão

Ela bateu a porta. Veio lentamente me contar que o infinito cabe dentro do meu peito. Eu vi as lágrimas encherem meus olhos. O espaço é o suplício que o silêncio trás quando a noite chega. Eu me torno refém de uma ilusão e de um olhar. De algo mal interpretado e enfeitado pela vontade de acreditar que poderia ser verdade. No fundo está tudo como está, realmente! Então atirei meu navio contra os rochedos. Me entreguei às ondas para apagar o fogo que me consumia. Uma chama que só ardia e que nada aquecia. Pude ver o clarão de um relâmpago rasgar o oceano. O pesadelo era mesmo real. Estava sozinho para não conseguir enxergar outra coisa além do óbvio... se era verdade, por que não estava aqui comigo? Tudo que restava era a risada do oráculo louco e a minha angústia. Ela fechou a porta e revelou o seu nome. Solidão, senhora da noite e dos corações aflitos. Correndo como um lobo entre as árvores do bosque até encontrar refúgio. Quando cheguei à casa de meu pai me deparei com o espelho que não refletia... e a água que não saciava! Algo começou a mudar dentro de mim...


Ato II – Inverno e Tempestade

Lavre a minha loucura com o som que invade e alimenta o meu ódio. Eu posso sentir o meu corpo quebrar. Eu posso sentir o meu corpo quebrar e tremer durante a noite sem fim que o inverno me trouxe. Eu posso sentir o meu corpo dobrar e trincar. Explode em farelos o coração que só batia em função de um dor. E todas as feridas são lavadas no frio do inferno. Milhas e milhas perdido em alto mar clamando. Ajude-me! Cure-me! Estes fantasmas do passado, meus pecados e minhas vaidades agora expostas... não são mais segredos. Escute-me! Salve-me! Acredite em minhas palavras! Eu sou exatamente igual ao que nunca fui. E você sabe disso... não pode esconder. No meio de tudo eu escolhi o teu abandono e me tornei louco. Agora somos iguais ao reflexo de nossos medos mais antigos. Medo e euforia enquanto eu corria no meio da tempestade. Selvagem e forte o suficiente para matar o que eu sinto devorando o que você pensa. Não provoque a minha alma. Quando eu precisei, foi o ódio que me deu forças. Não me olhe pelas costas. A vingança é rasa e profunda! Não apareça com essas palavras vazias. Eu não acredito no que nem você sabe se é verdade quando diz! Então veio a lâmina partir o meu mundo ao meio. E o prego rasgar meu último pecado. Tudo girou antes que eu pudesse me apoiar... o mundo girou para que eu aprendesse a levantar! Eu posso sentir o meu corpo quebrar. Eu posso sentir o meu corpo tremer durante a noite sem fim que a insônia me trouxe. Eu posso sentir o meu corpo dobrar, rachar e se partir. Explode em farelos o coração que só batia em função de uma ilusão. No meio da tormenta quebrei meus espelhos. Gritei o meu verdadeiro nome que guardo em segredo! A tempestade então se tornou o meu elemento.


Ato III – Força e Luz

Luz. Veio a luz me aquecer. Paz.  A paz que vem devagar como a névoa do amanhecer. As ondas lavaram os meus pés e o meu coração. Praias brancas e portos cinzentos que outrora imaginei nunca ver. A vida é mais do que tudo isso que nossos olhos podem tocar. Nuvens de uma aquarela na sala de estar. O sino da igreja e a revoada. A sutileza da palavra e do olhar. Somos tão efêmeros e eternos. Tudo é único e precioso. Mesmo a maior derrota nos ensina a vencer. Assim superamos um desafio. Alcançamos então um novo degrau na escada que segue até o fim dessa vida. Existem outras coisas mais importantes nos chamando em cada amanhecer. As responsabilidades que devemos agradecer e as dificuldades que serão sempre um ponto de apoio para se perceber que a vida é mesmo tudo isso. Essa é a força que faz o peito pulsar. Somo feitos de motivações! Somos coisas simples e difíceis de entender e superar. Caminhos dentro de um círculo. Um círculo sem curvas.

domingo, 20 de setembro de 2009

Silêncio

Arde um sentimento
Perde-se uma oportunidade
Parte-se um coração

Quebra uma corrente
Destranca-se uma porta
Despede-se no silêncio

“Eu estava com frio e você me aqueceu
Estava com medo e você me protegeu”

Colhe tuas lágrimas
Abrace teus pedaços
Refaça teu caminho

Olhe para o horizonte que se apronta
Procure o invisível que se revela
Somente a luz pode mostrar a sombra

“Eu estava perdido e você me encontrou
Estava com sede e você me beijou”

Quem sabe do falo pode ler
Aqui escrevo o silêncio
Entre cochetes gravados para se ver:



[                                                      ]



“Não há lugar para nos neste mundo
Toque meu lábios e ouça minha voz
Eu estava aqui... e o prazer tão perto da dor
E tanta coisa que ficou sem ser dita...”

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Curtametragem

Uma xícara de café
Lá fora uma chuva
Fones de ouvido
Livros espalhados
Monografia e tensão
Fotografias e cores
Desenhando jornais
Linhas e tipografias
Pagando as contas
Ralando por espaço
Correndo no caos
Na redação do jornal
Papeis e rascunhos
Compondo e ouvindo
Saboreando a vida
Dormindo cansado
Acordando bem rápido
Escrevendo este curta
Risadas ao telefone
Beijos no contratempo
Vontade de ficar mais tempo
Olhando o mar e o céu
Agradecendo cada momento

domingo, 6 de setembro de 2009

Vida Viva

Hoje pensei na minha velhice. Percebi que estou correndo para que um dia possa ter descanso e conforto. Viver o tempo em que terei poucos cabelos e muitas histórias. Terminar este capítulo em um lugar repleto de netos e filhos, ao lado da pessoa amada que me acompanhou por toda uma vida. Sentado em uma cadeira enquanto o sol nasce. Ouvindo a natureza sussurrar em meus ouvidos. O seu perfume ainda fresco. Ummmm.... não seria nada ruim... não seria mesmo!!! Uma varanda e um jardim. Plantações e colinas no horizonte. Uma revoada de pássaros. Um caminho entre as árvores. A fumaça na chaminé e o sabor do café que vem da cozinha. A música que sempre acompanha meus pensamentos. Tantos projetos e sonhos realizados. Outros ainda rabiscados em algum lugar. Hoje eu estou pensando em como gostaria que tudo terminasse... não sei como realmente seria. Impossível saber! Mas como é bom perceber que tenho uma vida inteira pela frente para sorrir, chorar, cantar, respirar, desenhar, testemunhar o nascimento de um filho... a morte daqueles tão queridos... como é bom sofrer e sorrir. Espero poder estar aqui para tudo isso. Espero que a linha da vida seja longa para mim. Ela é preciosa demais. A vida é uma montanha russa cheia de altos e baixos. Cheia de clichês e surpresas. Obrigado por tudo que chega todos os dias. Um dia não estarei aqui. Não vejo problema em falar sobre a morte, ou sobre a vida. Agora tu sabes que desde muito cedo fui apaixonado pelas coisas que ela me permite (permitiu) saborear. Estou grato por tudo... até este dia em que estou aqui escrevendo e pensando. Por enquanto é só! Obrigado!

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Ares

Agora to pensando mais. To mais paciente e sereno. Eu vejo mais do que os olhos podem dizer. Guardo as minhas palavras. O meu tempo é precioso. Sinto o caminho certo sob meus pés. Gasto as minhas energias com as coisas que gosto. Estou feliz por estar vivendo tudo isso. Quando saio do jornal vejo a noite calada da cidade pela janela. Cansado e perdido em meus pensamentos. Uma música na cabeça. A correria e as expectativas de cada nova descoberta. O sono de um dia cheio. O abraço gostoso de quem me quer sempre mais. As palavras de uma amiga. As risadas ao lado de meu pai. To com vontade de viver sempre assim. To me sentindo feliz por tudo isso. Acho que os erros do passado estão justificados. Precisava realmente ser assim. Eu estava errado... o destino estava certo!

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Rascunho

No alto da torre tremendo
com a tempestade
Apanhando raios com os olhos
cheios de loucura
Caminhando sozinho
com minhas botas antigas
Sentindo a euforia
e a adrenalina corroer
Sempre veloz e paciente
com a madrugada
Coisas sem fim
dentro da cabeça e do coração
Vontade de falar e nada pra dizer
ninguém para ouvir
Molhando o corpo na chuva
que lava mais do que se pode ver
Meu corpo não é a carne que treme
é a alma que sofre com o frio por dentro

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Déspotas Esclarecidos

Vamos pensar um pouco! A mídia tem uma importante função dentro da sociedade moderna. Através de seus modos de produção torna o mundo e seus acontecimentos visíveis, o que possibilita a formação e a construção de um acervo sobre o que nos circunda, ampliando nossos horizontes e expandindo nosso conhecimento sobre o global. Então, quando essa contextualização se apresenta de forma superficial caminha apenas para a representação de uma visão consensual do mundo, um quadro de referências dominante e central que nega a existência de diferentes contextos sociais. Toda essa maré de informações tem realmente transformado a forma como pensamos? Esse acervo cultural cresce em que sentido? Ainda existe aquele indivíduo que não sabe o que é ou do que gosta. Um tipo que, na verdade, representa um grande número de pessoas. Parece que, infelizmente, a maioria não sabe o que quer. Não vê nada além daquilo que lhe oferecem pela tv, pelo rádio, ou pela internet. Não escolhe nada que possa alterar sua opacidade. Gente que está mergulhada no mar do comodismo. Canta o que todo mundo canta. Assiste o que todo mundo vê. E ainda por cima se diz eclético! Putz!!!

e.clé.ti.co
adj. Filos. 1. Relativo ao ecletismo. 2. Que seleciona; que escolhe de várias fontes. S. m. Indivíduo eclético.

Parece que todo mundo é igual. Até na forma de vestir. Globalização, alienação e falta de informação! Contraditório, não? Nas ruas vemos uma multidão quase homogênea! A pós-modernidade é defendida por seus autores, como David Harvey em A Condição Pós-Moderna, como um momento onde as transformações não ocorrem somente na forma de vestir, falar ou nas artes, mas em elementos objetivos como a economia e a organização do trabalhado, onde estes são entendidos como fortes indícios de que o mundo é visto de uma nova forma. Então onde está essa mudança? Essa nova forma? Se pensarmos um pouco, ainda nos esbarramos com os mesmo problemas já combatidos por outras gerações. Questões como a homofobia, o racismo, a sexualidade, a política... Diminuiu? Ou apenas aparece de forma camuflada? Penso que não aprendemos com a história! Ou deixamos de ouvir o que os antigos têm a dizer. Paramos de pensar? Estamos andando para trás? Sinceramente não sei... Onde estão os filósofos? Os artistas? Por que eles estão longe da grande mídia? Isso me sugere muita sujeira, isso não me cheira nada bem! A nossa cultura tem se resumido a um repertório bem estreito (e pobre). Dá pra contar nos dedos! Basta ouvir as paradas de sucesso. Um termômetro de como tudo isso (des)anda. O Ceará então é isso? Carnaval sem fim? Forró e vaquejada? Não tenho nada contra, só não me peça pra gostar! Mas a questão aqui não é gosto e sim falta de espaço. Falta espaço (e de qualidade) para outras coisas que acontecem. Assim seria possível construir um acervo cultural mais amplo. Não estou falando de melhor ou pior, em brega ou chique. Falo de mostrar todas as partes para que a população possa escolher. Toquem com a mesma frequência que tocam as músicas que estão na boca do povo. Invistam com toda essa publicidade massiva e cara. Façamos a seguinte experiência: que tal 6 meses de tv a cabo para todos? Veremos se aquilo que dizem ser do gosto do povo continua sob esse paradigma. O problema é o dinheiro e o interesse de grupos privados? Interesse em deixar as pessoas sem informação? Sem educação? Sem a capacidade de pensar? Mais uma vez: globalização, alienação e falta de informação! Contraditório, não? Onde estão os caras que pregavam no deserto? Donde estão los herderos de la falacia liberal? Onde está o espaço não privatizado? Quem são nossos heróis? Nossos escritores? Você os conhece? Um país se faz com homens e livros? Onde estão os déspotas esclarecidos? Onde estamos nós..........................???

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Na Janela

Eu já tinha desistido! Tava vivendo ali no meu lugar sem acreditar. Depois de tudo e do esforço para ignorar certos sentimentos. Veio você me dizer que não é bem assim. Que não sou nada complicado. Lembrei de como eu era antes de tudo que já houve. Que já tivera uma alma imaculada, distante de mentiras e de decepções. Do orgulho e das vaidades. Você não traz nada disso em teu coração. É livre e capaz de sorrir como uma criança. Pega a minha mão e me ensina sem querer ensinar. Não sei ao certo como pude me perder nesses anos. Acreditei apenas no meu coração e esqueci de olhar dentro do outro. Eu reconheço o passado por tudo que ele me fez. Sou grato por ele. Mas agora quero o presente que chegou. Eu lavei as escadas da minha alma. Mergulhei em busca de ar. Esperei o tempo passar. Esperei o inverno acabar. Tava na janela... e já tinha desistido... foi quando vi você chegar!

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Crise da Representatividade

A palavra não diz tudo
A fotografia não representa
O olhar não vê o mundo
É a antena que alimenta
O silêncio ainda arrisca declarar
Crescente rumor virtual de uma metáfora
Temporada de um simulacro artificial de sentidos
Engrenagens, patrocínio, fibra ótica, óleo diesel
Código de barra, emotion, profile, disco rígido
Sobra pouco para tudo que se sente vivo
Só a arte parece ser capaz de apresentar
Mas o que é arte no meio de tudo isso?
Eu espero que o futuro venha me contar...

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Fantasmas

Eu escolhi não ter ninguém para abraçar
Como um fantasma que anda pela casa
Consegui passar pela noite sem sonhar
Descobri que o eterno também acaba
Tudo tem seu tempo certo para acontecer
Tudo é um momento sem compromisso
Acaba e começa em um novo segundo
Eu descubro que sou o meu melhor amigo
Fantasmas que não vão embora
A chuva revela que ninguém vai chegar
Apago as luzes e me deito sem sono
Lembro de tudo que não quero lembrar

segunda-feira, 29 de junho de 2009

Olhando as estrelas

Está eternizado em meu coração
As mãos entrelaçadas e o brilho no olhar
Distantes de tudo em alguma constelação
Olhando as estrelas... entre o céu e o mar

Eu deixei de acreditar no que era possível
Por não saber que sonhos poderiam ser reais
Deixei de sonhar acordado e me tornei vazio
Veio você me despertar para os sonhos mais lindos

Tenho olhado as estrelas sem acreditar
Olho para cima e vejo teu rosto em todo lugar
Sorriso sem fim de quem só quer o bem
Até onde vai aquilo que não se quer parar?

Felicidade que deixa o tempo mais veloz
Ele corre contra o nosso desejo de ficar
Beijo sem fim que um dia apenas sonhei
Verde e castanho não param de se olhar

As mãos entrelaçadas com certeza e verdade
Sem querer a gente descobre no outro uma metade
Não deixa o medo te fazer comparar
Olhe as estrelas elas não param de brilhar

Tudo é um sonho que se torna real
Parece desenhado o acaso que se torna destino
Você ao longe acenando e chamando meu nome
Eu te esperando... te abracei e fechei os olhos sorrindo

O destino é um mapa desenhado por um cego
Nada é por acaso e tudo mudou de uns dias pra cá
Perguntamos a mesma coisa... onde você estava?
Eu estava sempre aqui... que bom te ver chegar

quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Fluxograma Acadêmico de um Jornalista

O fluxograma é uma lista de disciplinas dividida entre os semestres que transcorrem através dos anos de uma graduação. Uma divisão pragmática do conhecimento. Uma forma de organizar tudo aquilo que, por exigência do mercado, das universidades e da própria profissão, não pode deixar de ser estudado e, por assim dizer, compreendido e fixado na cabeça de quem pretende ser um bom profissional. Basicamente é isso.

A questão é que isso é apenas uma parte de tudo que acontece durante os quatro ou cinco anos de uma faculdade. Para a maioria, o fluxograma é tudo de que se precisa. Uma lista a se derrubar. Uma lista que vai diminuindo na medida em que os nomes são riscados. E esquecidos! Principalmente porque o professor era chato pra c@#$#*@. E logo essa lista termina como o ponto final que encerra esta frase. Ufa! Tudo aquilo já foi, terminei, me formei, agora é só pegar o diploma e cair no mercado. Ou ser derrubado por ele! E logo essa conversa chata sobre o que, para mim, é a droga de um fluxograma termina, acaba, fica guardada na última gaveta das coisas inúteis do meu inconsciente. E agora que estou escrevendo sobre, lembro que a professora pediu uma lauda inteira. Eu poderia aumentar um pouco o tamanho da fonte pra ganhar espaço. Talvez um negrito aumente mais. Sinceramente, não acredito em minhas palavras rebuscadas e irônicas. Palavras que aprendi em algum semestre (do fluxograma) num texto xerocado que eu só li (a metade) porque ia ter uma prova. Francamente! Acredito em outras coisas que não estão em lista alguma. E esse conhecimento é tão importante quanto a soma dos créditos do semestre e a nota da prova final.

Tudo aquilo que faço com meu tempo livre, entre uma aula e outra, nos corredores e na convivência com pessoas que tanto tem para ensinar. Nas minhas percepções e descobertas solitárias onde eu senti com inteligência e pensei com emoção. No teatro, no estágio, no sofá da minha sala, entre as prateleiras da biblioteca. O cheiro dos livros, a textura do papel, o clarão de idéias sobre coisas que nunca imaginei se não tivesse lido. Não, o fluxograma não é tudo. Ele é uma parte importante de tudo que aprendi a gostar no Jornalismo. Ele é como um aviso: você não pode deixar de saber isso e eu, como professor, não poderia deixar de te mostrar, mesmo que você, como aluno, não goste.

Em algum momento acontece aquele estalo na nossa cabeça. No primeiro semestre, no terceiro e até no último. Para alguns é a euforia de perceber que é legal descobrir coisas novas. A identificação e a realização de estar no caminho certo, fazendo o que gosta. Para outros é a amarga e inconfundível sensação de que perdeu tantas coisas e esteve dormente por toda uma graduação. Percebe que poderia ter aprendido mais, ter feito mais do que simplesmente ir às aulas (quando ia) e cumprir, mesmo que à risca, o famigerado fluxograma. Comigo isso veio no meio de uma aula de filosofia. A vã e chata filosofia de que tanto falam pelos corredores. Afinal, ela não tem nada, nadinha a ensinar. Não vai fazer diferença nenhuma no meu dia! No meu estágio? Na redação de um jornal? Qualquer coisa tem o Google. Eu quero mesmo é aprender a fazer uma pauta (me deixa tirar uma xerox da tua), revelar um filme e escrever um abre legal pra minha matéria. Legal mesmo é a fotografia, o telejornalismo, o rádio, o impresso, o corre corre louco dos jornalistas que eu vejo nos filmes. Isso sim é legal. Assim eu consigo entrar na emissora tal (plim plim).

O fluxograma existe para que possamos saber o mínimo possível. O mínimo de conhecimento é o que o diploma assegura(va). O mínimo é um risco que corro quando não percebo algo além da sala de aula. Seja através das minhas pesquisas, leituras e experiências pessoais, na busca por algo que gosto, ou por que simplesmente se deseja fazer algo bem feito, para minha própria realização, para o meu crescimento, para minha satisfação. O fluxograma é uma caminhada rápida, cabe a mim escolher aonde vou me aprofundar. Jornalista sem diploma é possivel!!! No Brasil pode tudo meu amigo. Qualidade de informação sem formação profissional não!!!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

As folhas sobre as ruas onde cresci

Estranha silhueta de um acorde que ainda não sei como terminar. Eu conheci a possibilidade de não voltar a ser. Um céu de nuvens negras e linhas prateadas que a música revelou. O fundamental é mesmo diferente de tudo aquilo que guardo na gaveta. Atravessa os meus ouvidos um fio condutor. Eu me entrego de maneira tão sutil e silenciosa. A voz mansa e o coração quente. A boca úmida e a língua ardente. A face de um dado que eu nunca mais havia visto. As novas possibilidades e as cores que não podiam ser deste céu. Agora é tudo vivo e verdadeiro. Os olhos e o sorriso. O sentimento e a luz. Antes a opacidade de algo não tão sincero e vivo. O caminho de agora e as risadas dos amigos. O pôr do sol na praia e as histórias que começamos a colecionar juntos. Um momento que é mais que fundamental. Estamos vivos quando caímos na piscina. Olhe no espelho e ria de suas marcas. Eu sabia que veria esses dias mais uma vez. Eu senti meu corpo quebrando. Eu senti meu corpo dobrando-se ao frio. O inverno das folhas mortas acabou. O perfume da chuva que terminou. Agora é o sol e o vento de Junho que sopra as folhas sobre as ruas onde cresci. Quando a lágrima veio, eu me permiti sofrer. Agora é hora de sorrir. Eu sobrevivi. Agora vou viver.

sábado, 30 de maio de 2009

Segredo

O fim de tarde e o abraço de quem está sozinho olhando para o horizonte. Vejo tanta coisa e imagino como poderia esquecer aquele segredo antigo. Quem será você? Eu? Eu sou só eu... só. Só eu sozinho! A noite chega e tudo se esbarra na linha onde o mar termina. O vento vem. Os olhos se enchem. O coração se afoga. A lembrança de algo que termina e começa. Um círculo sem curvas. Já disse! A música que um dia parou de tocar. A carta que nunca foi lida. Eu não vou contar aqui o que realmente acontece dentro de mim. Sobre isso eu nunca falei. Perdão aos amigos mais fiéis. Eu não sei falar. Tem certas coisas que eu não sei dizer... certas coisas a gente esconde até de si. Entre todas as coisas do dia... às vezes paro e me perco em um segundo. Volto bem rápido pra perto de mim. Sentimento que não sei se você sentiu quando conversou comigo... se tornou um segredo antigo. A flecha de um arqueiro zen onde você pousou a mão. Tenho vontade de ir embora daqui. Parece que não moro mais em mim. Tenho vontade de ficar! Eu busco o abraço dos meus irmãos. A presença dos meus pais. As risadas de um amigo. O delírio de uma música. As palavras de uma amiga que beijei. O pecado que eu posso confessar. A paz de um livro. O silêncio que preciso. Eu gostaria de saber o que é esse segredo. Ele me despertava no meio da viajem. Ele me joga sobre os rochedos. Ele me conduz e me faz pensar mais em mim. Faz esquecer quem mente e quem não sabe assumir o que é. Eu comecei e não sei como vou terminar esse texto. Talvez eu não consiga tocar diretamente nesse assunto. Só postei uma parte de tantas coisas que apaguei enquanto escrevia. Acho que escrevi o que não devia. Apaguei por ser segredo...

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Interrompido por Fogos de Artifício

Esperamos tanto da vida
Cobramos algo sobre o futuro
Talvez não seja pouco... talvez seja tudo

O dia transcorre e não percebemos
Podemos ser tudo que somos e queremos
Mas escolhemos ouvir a voz de um pensamento

De que não é como deveria ser
De que poderia ser diferente e melhor
A felicidade passa a ser o que ainda vai acontecer
Passa a ser o destino, a chegada... e não o caminho
Escolhemos olhar ao redor e ignoramos o que temos por dentro
Amamos tudo... o futuro... o passado... menos o presente

Sim... a vida é também desejar algo maior
No fazer diário de todas as coisas que nos consomem
Nos braços de um novo momento que faz sorrir e chorar
Lembre de sua infância... deixe-se ser interrompido por fogos de artifício
Pela música que toca, pelo beijo que chegou... pelo novo despertar
O importante é que estamos vivos e não paramos de sonhar

Onde está toda a felicidade que tanto buscamos?
Perdemos a capacidade de admirar as coisas simples?
Deixamos é a própria vida se tornar uma imagem a se criar

Isso então é o fim de tudo que queremos em nosso coração
Deixe eu te explicar, te abraçar, fazer você girar em meus braços
Eu sou a vida te falando... olhando em teus olhos... estendendo a mão

Caminhando sozinho pela praia no último entardecer
Encontrei em mim o sorriso que não planejei
Que bom então que eu me enganei

domingo, 17 de maio de 2009

O Presente Que Sei

Sobre os livros, sobre os papéis, sobre os projetos, sobre a tela, sobre as notícias. Pela janela do avião, pela vivência, pelo que me espera. Na bagagem, no bloco de notas, na mente, na chuva, no trabalho, na poltrona do cinema, na ópera. No meio da noite, no meio da festa, ao meio dia, no banco da praça, no meio da corrida. Na música que toca pela sala, nas palavras de uma amiga, no beijo da madrugada, no abrigo de um novo lar, na confiança de quem sabe o que tem pra falar. Enquanto eu cantava e entendia o coração. Enquanto eu sorria e conversava. Enquanto eu estudava, falava, ouvia... escrevia estas palavras. Eu quero o futuro que me espera. Eu reconheço o passado por tudo que ele me fez. Eu sou o presente que sei. Sou tão transparente e enigmático quanto o espelho que me mostra. Coloco muito de mim em todas as coisas que me permito vivenciar. Nas coisas que toco. Só me interessa o que é sincero. Sinto um ciclo fechar e se completar. Paira agora um novo plano: o desejo de seguir e não voltar!

sábado, 16 de maio de 2009

Rosa dos Ventos

Mudam os olhares dos meus olhos
Movem-se as nuvens do pensamento
Caem as correntes do eterno
Desperta no horizonte estrela poente

Atravessa a janela do décimo andar
Tudo que lancei pela vidraça
Agora há tanto de mim em um segundo
Já não existe o mesmo que sobrou nada

Tudo se apagou no nascer de um novo sol
Eu não me escondo... eu paro, olho, assumo, fico
Não cabe a verdade dentro do arcabouço que havia
Eu me refiz por não acreditar no que foi dito

Inexpressível felicidade que brota aqui
Razão de um mar que não para de sussurrar
Caminho que não foi traçado em minhas mãos
Entendo agora como tudo isso teve que terminar

O vento soprou e levou o que havia aqui
Eu quero mais de mim por bem sorrir e acreditar
Abraço verdadeiro, beijo sem fim, sorriso sem medo
Já não há navio... agora posso simplesmente voar

terça-feira, 12 de maio de 2009

Reflexo

Antes de partir deixo esta mensagem. As malas estão prontas. A alma inquieta. O coração destruído. Eu me refaço de todas as formas para reconstruir os meus pedaços. A vida apenas me mostra o círculo sem curvas. Quarenta dias no deserto que se expande dentro de um ser que não sabe onde vai buscar a água para beber. Agora é o silêncio e a madrugada que me acolhe. O perfume de alguém que se foi. A vontade de perpetuar um momento. A sensação de que tudo caminhou pelos caminhos certos... de que fui eu mesmo, o tempo todo, correto... sem medo de expor o que penso e sinto. Eu estou partindo para sempre. Pois não serei este que escreve quando voltar. Uma parte de mim tenta apenas respirar no meio de um oceano. É verdade. Eu assumo. Como sempre soube... não sei o que tudo isso quer dizer. Até onde eu posso estender as mãos para abraçar? Até onde posso falar sem ser confundido com qualquer outra coisa que não sou eu? E como eu sou mal interpretado! Acho que não sou daqui. Pago um preço pela vontade de dizer e escrever sobre o que eu sinto. E o que eu sinto? Sinto que não moro mais em mim. Que apenas segui o teu ritmo. Que apenas fui capaz de absorver cada miligrama de tudo que se mostrou perante meus olhos. Eu sou verdade por não saber ser outra coisa. Não sei ser pela metade. Queria uma noite pra uma vida inteira. Aquela noite que agora faz parte do passado tão presente em meus pensamentos futuros. Quero a paz e a certeza de que nunca mais vou me machucar. Como se eu fosse capaz de fazer isso! Eu corro um risco maior que todos por colocar o coração em uma bandeja. Eu sei que não se pode pedir ao sol, mais sol. Que não posso pedir a chuva, mais chuva. E não posso pedir outra coisa de mim. Mas posso pedir mais de mim. Por acreditar na alegria que as minhas lágrimas irão trazer... um dia. Esse é o meu reflexo. Eu só sei ser assim. Não me compare a nada do que você já viveu, ouviu... sentiu. Não me julgue tão rápido! Vou com a força que o vento sopra as velas deste navio. A âncora agora foi erguida. O mar espera e guarda seus mistérios, suas surpresas. A tempestade... é o meu elemento.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Espelho

É um precipício
O inicio
O começo
Uma ponte
O alivio

Eu leio
Canto
Dou risada
A solidão
Ela me mata

A madrugada
A música
O perfume
Um salto no escuro
O absurdo

Ontem a noite
Vidas cruzadas
Tua boca e a minha
Eternidade em um segundo
Tua mão entrelaçada com a vida

Presente momento
Últimos dias
Transborda o coração
Malas no canto
Estranha sensação

Promessa do acaso
Infinito fugaz
Destino esquecido
Novas rotas traçadas
O teu olhar é um abrigo

Eu tô estranho
Diz o amigo
Passei o sinal vermelho
Completo e desarmado
Dançando no campo minado

Álbum de fotos
Segredos e saudades
Vontade de correr
Verdade é verdade
Não existe metade

Eu tô feliz... diz o espelho
Preciso acreditar em você
Noite a fora em qualquer lugar
A vida é muito mais
Nos teus olhos eu consigo me encontrar

domingo, 10 de maio de 2009

Mãe

Algo maior que a vida
Senti algo novo nesse dia
Eu me perdi entre as tuas mãos
Senhora da minha vida... mãe

Não sou eu um pedaço seu?
Em seu colo você me beijou
No meio da noite você acordou
Em meus ouvidos você cantou

A vida passa pelo colo de uma mãe
Pelas mãos de quem ama sem impor condições

Mas no frio da noite desse mundo
Correm crianças e corações cheios de saudade
Pelo desamparo de algo que não pode ser preenchido
A falta de uma palavra sensata que nos dá abrigo

A vida deveria sempre passar pelo colo de uma mãe
Pelas mãos de quem ama sem impor quaisquer condições

sábado, 9 de maio de 2009

Mar a Dentro

Respiro o doce perfume do mar
Mergulhado em meu elemento eu começo a respirar
A inspiração vem do teu sorriso
A verdade é que eu não sei esconder esse segredo antigo

Somos o acaso do destino
Agora eu me revelo e você se interroga comigo
O vento sussurrou o teu nome em meus ouvidos
Avisto uma praia onde posso ancorar esse navio

Já não posso escolher
Deixo a tua correnteza me levar
Eu perdi a vontade de correr
Tudo que eu quero é poder ficar

Eu desejei acreditar no possível
Mas a realidade é bem melhor que tudo isso
Mar de estrelas e de sonhos tão bonitos
Paralelas que se tocam por acaso no infinito

O romance ideal que não imaginei
A força de uma paixão que não quero domar
Eu sempre sonhei ser algo assim
Se você quiser eu vou me jogar

Já não quero escolher
Deixo a tua mão me conduzir
Eu perdi a vontade de correr
Tudo que eu quero é ser feliz

domingo, 3 de maio de 2009

Âncora

Eu fui condenado
Sem merecimento
Por um sentimento
Por uma paixão
Violenta emoção
Pois amar foi meu delito
Mas foi um sonho tão bonito
Hoje estou no fim


Uma vida para ser vivida. Pelos acertos e erros. Parei diante do espelho e tentei me enxergar. Algo emergiu dos meus mares profundos. A maré alta começa a baixar. A calmaria e a agonia de quem quer mergulhar e beber o mundo inteiro. Uma centelha divina que foi selada dentro de mim para viver uma única vida. Não haverá outro. Serei sempre diferente a cada segundo, a cada amanhecer. Sou muito estranho mesmo. Tenho uma loucura e uma paixão. Tenho uma sinceridade e uma razão. Eu absorvo cada miligrama do que se pode sentir.

Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você


Joguei a âncora estando em mar aberto. Subi até as estrelas e comecei a rezar. Fechei os olhos. Havia um milhão de luzes olhando para mim. Perguntei ao senhor do infinito aonde essa jornada vai me levar. Somos todos incapazes de saber. Quero apenas me espelhar em algo verdadeiro. Não vou me tornar uma mentira para viver da hipocrisia. Não vou virar um santo nome... nem quero. Mas tudo tem um limite. Aparo essas arestas para entender até onde posso ir. Aonde o oceano se torna um abismo sem fim. Agora quero mapas e cartas, bússolas e estrelas para me guiar. Até o dia em que eu avistar o meu porto seguro. Uma âncora para pensar antes de continuar.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Uma Noite Para Uma Vida Inteira

Eu não consigo olhar no espelho. Eu me tornei a sombra do silêncio. Olhei o passado para lembrar quem sou. Para fazer um caminho diferente disso. Eu choro construindo essas palavras por saber que nunca poderei mudar o que aconteceu. Eu sou o imundo, o sujo, o fugaz, igual a todo mundo, diferente daquilo que esperava de mim. Sou a lama, a coisa suja e podre que corre pela sarjeta. Não tenho nome, não tenho rosto, não tenho corpo, não tenho coração, não tenho nada... não fui eu por algum momento. Sou aquilo que não se faz. Aquilo que não se pensa. Eu me deixei corromper pelo momento e pelo desejo. Eu, que tanto prezo pelo teu sorriso, te fiz chorar. Jamais serei o mesmo. Eu nunca poderia me perdoar por isso. Porque foste na vida a última esperança do que se poderia viver. Desisto de amar e de sorrir. Não estou procurando conselhos. Não estou procurando palavras de conforto. Quero me esquecer em algum lugar. Quero ainda, muito, pensar. Preciso me afastar de mim. O que ainda restava se partiu... o que sobrou o fogo levou. Agora dói muito aqui dentro. E não tenho direito a nada. Nem perdão, nem pensamento, nem confissão... nem penitência. E mereço e aceito. Não há purgatório para mim. Apenas o inferno onde me deito e me viro e me perco. Estou ao avesso. Traição, omissão, luxuria, embriaguez, insensatez... Esse é um corpo vazio e incompleto. Um coração que rachou e trincou. Por minha culpa, minha tão enorme culpa. Quem sou eu afinal? O ministério das almas perdidas me aguarda. Talvez o tempo seja capaz de sarar essa rua que se abriu em mim. O que se quebrou aqui... não pode ser refeito. Está perdido para sempre. Estou perdido em meu casulo. Preciso deixar essa lenta transformação acontecer. Tudo agora está no conforto do esquecimento que o sono permite... quando ele vem... e na amarga lembrança que permanece constante. Por que foste na vida o que tinha de ser. E tu herdarás o cinismo das minhas atitudes. A última lembrança será de uma noite sem fim que se perpetua nos meus olhos... em minha alma. Uma noite para uma vida inteira mudar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sete Cantigas Para Voar

Na janela do trem ele apoiou as mãos trêmulas. O chapéu de palha bem surrado pelos anos que já se passaram. As roupas simples de pano sem marca. Ele não tem e-mail, nem celular, nem nada. Sentou sobre as sacas cheias de sementes que levava. Feito criança olhou ao seu redor e sorriu! Um sorriso cheio de doçura. Eu sorri também. Lembrei algo antigo sobre minha infância.

Cantiga de campo
De concentração
A gente bem sente
Com precisão
Mas recordo a tua imagem
Naquela viagem
Que eu fiz pro sertão
Eu que nasci na floresta
Canto e faço festa
No seu coração
Voa, voa, azulão...


Sua casa deve ser toda simples. No alpendre o balanço da cadeira. Os móveis bem gastos e o fogão de lenha. A manhã não chega com o despertador. Vem devagar com o sussurro da natureza. O canto dos pássaros. O aviso do galo. O chuvisco e o balançar das árvores. O barulho do rio cheio que corre livre. O cheirinho do café e do pão de milho.

Cantiga de roça
De um cego apaixonado
Cantiga de moça
Lá do cercado
Que canta a fauna e a flora
E ninguém ignora
Se ela quer brotar
Bota uma flor no cabelo
Com alegria e zelo
Para não secar
Voa, voa no ar...


As portas se abrem na estação. Braços fortes levam suas sacas. Ele apenas caminha em seu ritmo. Calmo, mas ainda vigoroso. Fui até a janela e observei ele seguir pela estrada enquanto o trem apressado partia. Espero que ele chegue bem ao seu destino. Espero chegar também! Com paciência alcançar tudo aquilo que anseio de mim hoje. Até lá... vou na velocidade que dá. Buscando sempre as coisas simples que me fazem tão bem. Deve sempre haver tempo para não correr... tempo para viver, respirar, sorrir e caminhar.

*Uma forma singela de agradecer a Vital Farias e Geraldo Azevedo por tantas tardes de domingo onde eu, criança, ouvi meu pai por longas horas cantar junto a radiola antiga. Obrigado pai por me ensinar tantas coisas.

domingo, 19 de abril de 2009

Rito de Passagem Silencioso e Invisível

Foi por onde essa loucura começou
Pela lúcida palidez do teu olhar
Estou pronto para o mundo que gira sob meus pés
O peito aberto mostra o coração laçado pelo ódio
Um pesadelo para ser lembrado eternamente

Eu não sei onde tudo aquilo foi parar
Rito de passagem silencioso e invisível
Era tudo que se bebia dessa boca amarga
Pelos muitos espelhos que atravessei
Quando vi os teus olhos se encherem d’água

Sob a ponte corre o rio feroz
Ignorei o teu olhar e mergulhei
Agora é o reino das águas violentas
Uma onda de devastações tempestuosas
Quero me afogar... então me devore... me consuma... por favor!!!

A tempestade é o meu elemento
Estou ao teu alcance por querer me entregar
Tua loucura e paixão única e rara
Você dança e se deixa levar como eu
Na noite passada eu fui todo seu

Espero que nadie sabe quienes somos ... que no hay otra vez entre nosotros ... que todas las pérdidas que se sienta ... Me tiro para su inspiración en el mar ... Yo estaba en los brazos y tu siempre lo que quieres ... Quiero ser tu secreto ... Quiero borrar el fuego y me tire en el mar ... estar en su ... en mis ojos ... se une a mis palabras a sus líneas ... ser eterno como el mar...


Eu me enrolei no manto do teu perfume
Feitos de carne viva por um único momento
As palavras roucas e doces que você me disse
Pela janela contemplando o trovão e o mar
Você que de tão longe veio para me encontrar

Silencioso e invisível segredo impossível
Sobre o rochedo esperei um novo sol
Almas perdidas de outra vida sem paz
Acordamos uma nova e preciosa vida
Não diga adeus e não olhe pra trás

Sonho de almas não encarnadas
Em outras vidas em outro mar
Por que não somos iguais a nada
Nem quando o espelho pode te contar
Agora sei o que serei em outra vida para te encontrar

Querdio es único y raro
Así que me sentí
Yo era su amante todas las noches
No puedo creer
Quiero que para la eternidad
Pero vamos a dejar
Cuando te vi y me apainonei
Hasta la otra vida
Cuando reencarnar

segunda-feira, 13 de abril de 2009

No Ministério das Almas Perdidas

A tempestade veio como um açoite de aço
Caiu como uma tormenta sobre minha alma perdida
O uivo e o trovão agitaram os mares do meu coração
A onda tenebrosa e colossal que tragava toda esperança
Era a revolta de um deus poderoso e vingativo
Navegava astronauta solitário em um mar de estrelas
Mar a dentro e além na procura por uma praia de águas mornas


Mas o abismo da vastidão rompeu as âncoras e me levou para as profundezas
No ministério das almas perdidas despertei sobre o lado claro da lua
E descortinei um véu mais escuro e profundo que toda falta de luz
Algo turvo. Luto. Preto. Negro. Noturno. Onde o absurdo era lúcido
Caminhei para além dos horizontes verticais que outrora contemplava
Adeus amada criança que nasce sem a pureza de um novo dia
Porque lambuzamos os dedos e lambemos os lábios da boca que amargava


Encontrei o set de controle do sol e arranhei a face do meu criador
Fui banido para os confins do além onde as estrelas são estranhas
Encontrei a redenção de uma boca que proferiu a beleza e o horror
Jurei pela luz dos teus olhos que não te abandonaria jamais
Estende agora a tua mão para o além e proclama a verdade que você esconde
Além da vida e do impossível que se converte em palavras que só eu sei ler
Há uma razão na loucura e na loucura a razão do que não se pode ver


Deserto de pedras por onde meus antepassados caminharam
Vago agora distante como eremita para me perder e te encontrar
Contemplo a torre que risca o céu como Babel não pode imaginar
Escalei as escadas para alcançar a porta do infinito onde o oráculo aguarda
Soube fazer frente aos mais profundos medos para aprender a cair e recomeçar
Quando pensei que não... descobri que sim
Quando me julguei sábio... comecei a errar


No oitavo ano percebi das alturas um mundo pequenino
O palácio das estrelas resplandecia no céu da minha boca que cantava para o vácuo
Lentamente a última sonda da aventura humana atravessou o espaço
Como um pequeno príncipe lacei o cometa para alcançar a porta do juízo
Eis que o senhor tratou de me ensinar que a estrada existe para ser trilhada
Caí por dias incontáveis até ser recebido pela terra com o conforto do aço
Vi a tua beleza ser levada pelos anos enquanto sonhava e esperava ser amada


Das alturas veio a risada de um oráculo louco que sempre me aguardava
Você realmente pensa que preciso de você para dormir em paz?
Calcei novamente o primeiro de muitos degraus pelos anos de uma lúcida loucura
E a ternura foi a chave de toda porta fechada pelas correntes da arrogância
A paciência foi o relógio que lutou lentamente contra o teu orgulho
O silêncio foi a palavra usada contra teu discurso venenoso e insensato
O amor foi escudo para todas as coisas que não fiz questão de defender


Ao fim de uma eternidade alcancei o último degrau e a casa do oráculo
O fim de um caminho e de uma vida que esgotei por me demorar em escolhas
Recebi a chave para a última porta que me atravessava o coração
No ministério das almas perdidas eu me encontrei e aprendi o que não posso contar
Espero que você entenda... não sou o mesmo pois sou único a cada dia
Ontem fui outro por não ser o mesmo que hoje se levanta
Acontece que me visto com a mesma pele... e com uma nova esperança

domingo, 5 de abril de 2009

Paradoxavelmentediagnósticavel

Azul e preto oceano profundo
Doce sussurro rouco capaz de matar
Milhões de cordas vibrando e cortando
Eco e reverberação de um Nostradamus louco
Agulha suave nas notas de um piano sem mãos
Não sei como responder seu olhar frio e sincero
A poeira sobre os móveis da sala negociando com o espanador
Caixas e números sobre as asas de um contêiner de vidro
E a loucura vai escalando as mãos do último sargento vermelho
Eu que não soube te amar joguei o meu grito contra o mar
O sangue é branco é a retina que enrubrece
O dragão voa sobre as tuas costas nuas
A coisa é a coisa da coisa sem nome abstrato
Dinheiro que paga os centavos amassados
Ela dança quadro a quadro no quadro da parede
Caixa quadrada de cantos arredondados como uma esfera
Respira e inspira pelos mesmos anos que pode viver
Vitrola e rede sem fios por onde escorre o download
Pinga lento sobre a lente leve da última anistia
Morde meu olho porque meu coração não suportaria
Inimaginável fantástico sobre a cama que se deita sobre mim
A mentira que não sabe caminhar como verdade disfarçada
Casa da última nuvem de aço que não soube cantar o vento
Décima segunda e vigésima quarta é a mesma de muitas oitavas
Sinto você se perder na loucura que não pode ler
Se for de baixo pra cima talvez não faça sentido
Melhor que um labirinto feito de apenas um único e singular caminho

sábado, 28 de março de 2009

Se Você Apenas Sorrir...

Ele corria pela rua brincando na chuva.
Subia no banco da praça e pensava em voar.
Abria os braços. Sorria sozinho. A vida parecia ser tão simples.
Tão fascinante. Logo tudo mais seria um borrão de lembranças.
Sem escola. Sem desenhos. Sem amigos. Sem família. Sem infância.
Sozinho na rua sobre uma folha de papelão.
A roupa um trapo. Os pés descalços.
E eu aqui do outro lado da rua. Olhava sem você perceber.
Aqui na outra ponta do mundo. Sentia que poderia ser você.
Segui o me caminho. Olhei para trás e vi você me acenar.
Nunca soube o seu nome... mas obrigado... obrigado por me ensinar.

quarta-feira, 25 de março de 2009

No Inverno das Folhas Mortas

Quando o sol repousou, quando as estrelas se mostraram, ele sentiu imensa solidão. Uma angústia lhe tomou por inteiro, um vazio lhe devorou. E saiu lá fora para caminhar e procurar, tentar encontrar dentro de si o que existia outrora. Parecia distante e tão próximo de tudo que já passou e ainda não veio.

Chegaram então os dias em que ele se sentou para pensar e refletir. Sua língua estava presa, as mãos amarradas, as palavras embaralhadas, a vida desaparecia por inteira... a escuridão mais uma vez lhe encheu de temor.

Quando a porta se fechou e a televisão se transformou num abajur de recortes iluminados, ele se viu sozinho e perdido. Entre um suspiro e outro procurava palavras seguras e fortes. Palavras capazes de lhe dar um pouco de conforto. Como uma dose de carinho ou um retoque em seu sorriso. Queria ele saber agora o que poderia fazer.

Então ele ouviu uma voz distante. Sentiu uma mão lhe acariciar com espinhos. Doces palavras embaladas e enfeitadas pelas vírgulas das línguas bifurcadas e venenosas. Logo tudo se converteu. Logo ele veria onde seu espírito se perdeu. Ele adormeceu no inverno das folhas mortas. Lá onde se pode ver a sombra do silêncio.

Ele nunca disse nada. Nenhuma e nem uma palavra sobre as feridas dilaceradas. Ele estava pronto para se revelar e se reencontrar. Deveria agora por os pés na estrada para continuar o que nunca deveria terminar...

terça-feira, 24 de março de 2009

Certas Coisas

Existe uma estranha sensação em cada amanhecer
Olho pra frente sem perceber
O laço forte nem sempre é o da forca
Nem toda fome é de comida pouca

Nem imaginei quando abri os olhos
Que a verdade é um sentimento sem culpa
Não amarga nem envelhece
Não se omite nem se esquece

Impor a vontade e o desejo
Tomar nas mãos sem mais esperar
Olhar dentro desses olhos
Sentir, em cada passo, a vontade de caminhar

Nada é certo quando se espera
Aceitar o tempo é desistir um pouco
Fazer é tão importante quanto pensar
Já andei só sem sair do lugar

Existe uma estranha sensação em cada entardecer
Desfaço-me um pouco de tudo que já fui
Percebo que é tão bom quanto imaginei
De mãos dadas sou mais do que eu sei

Agora só eu e você
Distantes de tudo que separa
Em cada beijo a certeza e um sussurro
Finalmente chegamos ao porto seguro

Em cada anoitecer uma estranha certeza
A solidão já abandonou nossos corações
Já alimentou, no passado recente, a idéia do orgulho
Hoje, mais calmos e cheios de paz, somos o esperado futuro

Sentir a vida pulsar em cada veia
Transbordando pelos olhos
O brilho de um novo dia que acabou de chegar
A certeza existe pra quem quer acreditar

É possível… é possível amar!

sábado, 21 de março de 2009

Fogo

Corre como uma ventania. Feroz como o mar. Doce como o teu semblante. Ao te ver de olhos fechados eu me revelei. Na sutileza das mãos que se tocaram eu vi o fogo. Eu me atirei contra as rochas da minha compreensão. Estrelas prateadas riscaram o céu de uma tempestade. Amarrado ao navio para ouvir o teu canto e não ser levado para as profundezas deste oceano. Algo se libertou na fúria e na serenidade. E sobre a planície correram cavalos selvagens. O fogo alastrou o desejo que ardia por dentro. Renasceu um sol de lembranças. A crista de uma labareda iluminou as praias dos meus lábios. Num mergulho em busca de ar. Na vastidão do que não foi dito. Na procura por um segundo a mais. Respiro o doce perfume do fogo.