quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Atos de Mudança Em Um Círculo de Três Pontas

Ato I – Suplício e Solidão

Ela bateu a porta. Veio lentamente me contar que o infinito cabe dentro do meu peito. Eu vi as lágrimas encherem meus olhos. O espaço é o suplício que o silêncio trás quando a noite chega. Eu me torno refém de uma ilusão e de um olhar. De algo mal interpretado e enfeitado pela vontade de acreditar que poderia ser verdade. No fundo está tudo como está, realmente! Então atirei meu navio contra os rochedos. Me entreguei às ondas para apagar o fogo que me consumia. Uma chama que só ardia e que nada aquecia. Pude ver o clarão de um relâmpago rasgar o oceano. O pesadelo era mesmo real. Estava sozinho para não conseguir enxergar outra coisa além do óbvio... se era verdade, por que não estava aqui comigo? Tudo que restava era a risada do oráculo louco e a minha angústia. Ela fechou a porta e revelou o seu nome. Solidão, senhora da noite e dos corações aflitos. Correndo como um lobo entre as árvores do bosque até encontrar refúgio. Quando cheguei à casa de meu pai me deparei com o espelho que não refletia... e a água que não saciava! Algo começou a mudar dentro de mim...


Ato II – Inverno e Tempestade

Lavre a minha loucura com o som que invade e alimenta o meu ódio. Eu posso sentir o meu corpo quebrar. Eu posso sentir o meu corpo quebrar e tremer durante a noite sem fim que o inverno me trouxe. Eu posso sentir o meu corpo dobrar e trincar. Explode em farelos o coração que só batia em função de um dor. E todas as feridas são lavadas no frio do inferno. Milhas e milhas perdido em alto mar clamando. Ajude-me! Cure-me! Estes fantasmas do passado, meus pecados e minhas vaidades agora expostas... não são mais segredos. Escute-me! Salve-me! Acredite em minhas palavras! Eu sou exatamente igual ao que nunca fui. E você sabe disso... não pode esconder. No meio de tudo eu escolhi o teu abandono e me tornei louco. Agora somos iguais ao reflexo de nossos medos mais antigos. Medo e euforia enquanto eu corria no meio da tempestade. Selvagem e forte o suficiente para matar o que eu sinto devorando o que você pensa. Não provoque a minha alma. Quando eu precisei, foi o ódio que me deu forças. Não me olhe pelas costas. A vingança é rasa e profunda! Não apareça com essas palavras vazias. Eu não acredito no que nem você sabe se é verdade quando diz! Então veio a lâmina partir o meu mundo ao meio. E o prego rasgar meu último pecado. Tudo girou antes que eu pudesse me apoiar... o mundo girou para que eu aprendesse a levantar! Eu posso sentir o meu corpo quebrar. Eu posso sentir o meu corpo tremer durante a noite sem fim que a insônia me trouxe. Eu posso sentir o meu corpo dobrar, rachar e se partir. Explode em farelos o coração que só batia em função de uma ilusão. No meio da tormenta quebrei meus espelhos. Gritei o meu verdadeiro nome que guardo em segredo! A tempestade então se tornou o meu elemento.


Ato III – Força e Luz

Luz. Veio a luz me aquecer. Paz.  A paz que vem devagar como a névoa do amanhecer. As ondas lavaram os meus pés e o meu coração. Praias brancas e portos cinzentos que outrora imaginei nunca ver. A vida é mais do que tudo isso que nossos olhos podem tocar. Nuvens de uma aquarela na sala de estar. O sino da igreja e a revoada. A sutileza da palavra e do olhar. Somos tão efêmeros e eternos. Tudo é único e precioso. Mesmo a maior derrota nos ensina a vencer. Assim superamos um desafio. Alcançamos então um novo degrau na escada que segue até o fim dessa vida. Existem outras coisas mais importantes nos chamando em cada amanhecer. As responsabilidades que devemos agradecer e as dificuldades que serão sempre um ponto de apoio para se perceber que a vida é mesmo tudo isso. Essa é a força que faz o peito pulsar. Somo feitos de motivações! Somos coisas simples e difíceis de entender e superar. Caminhos dentro de um círculo. Um círculo sem curvas.

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