quarta-feira, 25 de março de 2009

No Inverno das Folhas Mortas

Quando o sol repousou, quando as estrelas se mostraram, ele sentiu imensa solidão. Uma angústia lhe tomou por inteiro, um vazio lhe devorou. E saiu lá fora para caminhar e procurar, tentar encontrar dentro de si o que existia outrora. Parecia distante e tão próximo de tudo que já passou e ainda não veio.

Chegaram então os dias em que ele se sentou para pensar e refletir. Sua língua estava presa, as mãos amarradas, as palavras embaralhadas, a vida desaparecia por inteira... a escuridão mais uma vez lhe encheu de temor.

Quando a porta se fechou e a televisão se transformou num abajur de recortes iluminados, ele se viu sozinho e perdido. Entre um suspiro e outro procurava palavras seguras e fortes. Palavras capazes de lhe dar um pouco de conforto. Como uma dose de carinho ou um retoque em seu sorriso. Queria ele saber agora o que poderia fazer.

Então ele ouviu uma voz distante. Sentiu uma mão lhe acariciar com espinhos. Doces palavras embaladas e enfeitadas pelas vírgulas das línguas bifurcadas e venenosas. Logo tudo se converteu. Logo ele veria onde seu espírito se perdeu. Ele adormeceu no inverno das folhas mortas. Lá onde se pode ver a sombra do silêncio.

Ele nunca disse nada. Nenhuma e nem uma palavra sobre as feridas dilaceradas. Ele estava pronto para se revelar e se reencontrar. Deveria agora por os pés na estrada para continuar o que nunca deveria terminar...

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