quinta-feira, 25 de junho de 2009

O Fluxograma Acadêmico de um Jornalista

O fluxograma é uma lista de disciplinas dividida entre os semestres que transcorrem através dos anos de uma graduação. Uma divisão pragmática do conhecimento. Uma forma de organizar tudo aquilo que, por exigência do mercado, das universidades e da própria profissão, não pode deixar de ser estudado e, por assim dizer, compreendido e fixado na cabeça de quem pretende ser um bom profissional. Basicamente é isso.

A questão é que isso é apenas uma parte de tudo que acontece durante os quatro ou cinco anos de uma faculdade. Para a maioria, o fluxograma é tudo de que se precisa. Uma lista a se derrubar. Uma lista que vai diminuindo na medida em que os nomes são riscados. E esquecidos! Principalmente porque o professor era chato pra c@#$#*@. E logo essa lista termina como o ponto final que encerra esta frase. Ufa! Tudo aquilo já foi, terminei, me formei, agora é só pegar o diploma e cair no mercado. Ou ser derrubado por ele! E logo essa conversa chata sobre o que, para mim, é a droga de um fluxograma termina, acaba, fica guardada na última gaveta das coisas inúteis do meu inconsciente. E agora que estou escrevendo sobre, lembro que a professora pediu uma lauda inteira. Eu poderia aumentar um pouco o tamanho da fonte pra ganhar espaço. Talvez um negrito aumente mais. Sinceramente, não acredito em minhas palavras rebuscadas e irônicas. Palavras que aprendi em algum semestre (do fluxograma) num texto xerocado que eu só li (a metade) porque ia ter uma prova. Francamente! Acredito em outras coisas que não estão em lista alguma. E esse conhecimento é tão importante quanto a soma dos créditos do semestre e a nota da prova final.

Tudo aquilo que faço com meu tempo livre, entre uma aula e outra, nos corredores e na convivência com pessoas que tanto tem para ensinar. Nas minhas percepções e descobertas solitárias onde eu senti com inteligência e pensei com emoção. No teatro, no estágio, no sofá da minha sala, entre as prateleiras da biblioteca. O cheiro dos livros, a textura do papel, o clarão de idéias sobre coisas que nunca imaginei se não tivesse lido. Não, o fluxograma não é tudo. Ele é uma parte importante de tudo que aprendi a gostar no Jornalismo. Ele é como um aviso: você não pode deixar de saber isso e eu, como professor, não poderia deixar de te mostrar, mesmo que você, como aluno, não goste.

Em algum momento acontece aquele estalo na nossa cabeça. No primeiro semestre, no terceiro e até no último. Para alguns é a euforia de perceber que é legal descobrir coisas novas. A identificação e a realização de estar no caminho certo, fazendo o que gosta. Para outros é a amarga e inconfundível sensação de que perdeu tantas coisas e esteve dormente por toda uma graduação. Percebe que poderia ter aprendido mais, ter feito mais do que simplesmente ir às aulas (quando ia) e cumprir, mesmo que à risca, o famigerado fluxograma. Comigo isso veio no meio de uma aula de filosofia. A vã e chata filosofia de que tanto falam pelos corredores. Afinal, ela não tem nada, nadinha a ensinar. Não vai fazer diferença nenhuma no meu dia! No meu estágio? Na redação de um jornal? Qualquer coisa tem o Google. Eu quero mesmo é aprender a fazer uma pauta (me deixa tirar uma xerox da tua), revelar um filme e escrever um abre legal pra minha matéria. Legal mesmo é a fotografia, o telejornalismo, o rádio, o impresso, o corre corre louco dos jornalistas que eu vejo nos filmes. Isso sim é legal. Assim eu consigo entrar na emissora tal (plim plim).

O fluxograma existe para que possamos saber o mínimo possível. O mínimo de conhecimento é o que o diploma assegura(va). O mínimo é um risco que corro quando não percebo algo além da sala de aula. Seja através das minhas pesquisas, leituras e experiências pessoais, na busca por algo que gosto, ou por que simplesmente se deseja fazer algo bem feito, para minha própria realização, para o meu crescimento, para minha satisfação. O fluxograma é uma caminhada rápida, cabe a mim escolher aonde vou me aprofundar. Jornalista sem diploma é possivel!!! No Brasil pode tudo meu amigo. Qualidade de informação sem formação profissional não!!!

Um comentário:

  1. Penso assim tbm! Sempre acreditei que um grande jornalista é moldado mesmo pela qualidade de sua formação. Os bancos da faculdade só nos iluminam as portas para mundos tão importantes, mas tão relegados a dispensabilidade, como o saber filosófico, como ressaltou vc!
    Há poucos dias, navegando pela internet encontrei no endereço http://www.igutenberg.org/bambas2.html uma lista de grande nomes que atuaram na imprensa brasileira desde o século XIX. Intitulada "Os astros da redação", trata-se de uma seleção organizada por editores da agência de notícias americana Associated Press na Internet. Inspirada na "Redação dos Sonhos", o "Dream Team" da AP enumera nomes que atuaram nos impressos do Brasil, desde a época em que o diploma não era nem cogitado para o exercício da profissão.
    Ter João do Rio, como Editor de Cidades; Nelson Rodrigues, como Editor de Polícia; Machado de Assis, como Editor do Segundo Caderno; Monteiro Lobato, como Editor do Suplemento Infantil; Graciliano Ramos, como Editor do Manual de Redação; Euclides da Cunha e Alfredo D´Escragnolle Taunay, como repórteres, não seriam tão más escolhas! Não possuiam formação de jornalista, mas eram ávidos leitores de livros e do mundo. Tinham sensibilidade para encontrar e apurar informações, além do talento para a escrita. O que só ratifica a importância da formação, sem desmerecer a necessidade dos conhecimentos que apreendemos nos bancos da faculdade!
    Sei lá, lendo (novamente!lembro q vc já tinha m pedido pra eu ler, nera?) seu artigo, me lembrei do site!
    Acho que é mesmo como vc tão bem escreveu, meu amigo....
    Adoro vc, viu!
    Bjooos.

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